Somos todos parte de
uma identidade comum
Como transmontana de gema, daquele cantinho
bem lá do "fim" de Portugal, onde a língua mãe até nem sequer é o
Português, não me revejo, de todo, nas declarações desvairadas de José Cid.
Confesso que nunca
gostei muito dele, é verdade. Mas os propósitos que teve não me ofendem, de
todo! Tentou ter piada... (estava a ser entrevistado por Nuno Markl e quis ser
engraçado, mas nem lhe chegou sequer aos "artelhos", que é como se
diz aqui no Alentejo, onde resido há mais de 25anos!)
Sou portuguesa, sempre
me senti como tal, apesar de ter crescido e estudado noutro país até aos 19 anos
de idade, altura em que decidi regressar a Portugal. Sozinha...
Sou portuguesa, sim!
Mas, acima de tudo, sou transmontana!
Nasci no planalto mirandês,
filha de pais humildes, pobres. Sou de lá! Com muito orgulho!
Lá, onde o horizonte se
estende... não ter fim. Imenso, leva o nosso olhar muito para além da
fronteira!
Lá, onde a noite sempre
me parece mais estrelada e límpida!
Lá, onde o ar que se respira
é mais fresco, mais puro, mais...ar !
Lá, onde a língua
materna (“I tengo proua deilha”) não é o português, mas sim a primeira língua
de Portugal, a segunda língua oficial desde 1999: “L mirandês”!
Lá, onde há tradições
seculares, preservadas e vivas, que perpetuar a memória da riqueza cultural que
nos carateriza, da nossa identidade, enquanto transmontanos.
Penso que José Cid, como
muitos portugueses, se esqueceu que existem várias identidades em Portugal. À
semelhança do que acontece noutros países, há várias identidades regionais. E estas,
unidas, é que formam a entidade global do país!
Portugal não é só Norte
e Sul, Porto e Lisboa!
Portugal é feito das
particularidades de cada região; das singularidades de cada distrito, conselho,
cidade, vila, aldeia; das caraterísticas de cada recanto mais ou menos
interior, litoral ou insular.
Portugal, país pequeno
em dimensão geográfica terrestre, mas tão vasto em diversidade cultural, gastronómica,
arquitetónica, artística… populacional.
Pessoas “medonhas, feias
e desdentadas” existem por toda a parte.
Pessoa lindas e com uma
dentição perfeita também!
Há de tudo neste mundo!
E em Portugal também!
Estou acima das
declarações de José Cid e de todos os que partilham da opinião dele. Aliás,
estou bem longe delas
Sou transmontana. Sinto-me muito bem como sou. Não sou desdentada. Por
sinal, tenho uns dentes saudáveis, bem alinhados e branco, por trás de um
sorriso que faço a quem merecer… E até à data, nunca ninguém me disse que era medonha!
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